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Uma noite para recordar – o impactante retorno aos palcos da Scalene

Autor(a): promocao | Publicado em:
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Por Fabio Zelenski

 

 

Um público afiado e empolgado, cantando letra a letra, pedindo músicas, e uma interação de dois lados que não se encontravam há muito tempo e tinham tanto o que matar de saudade e conversar por toda uma madrugada, para colocar as coisas em dia. Assim foi a noite da volta da banda Scalene, que, após um hiato de dois anos, se apresentou em uma casa cheia no Cine Joia, em São Paulo.

Pontual como sempre, o espaço de evento no Centro da cidade, no bairro da Liberdade, abriu suas portas às 22h, para logo em seguida, já apresentar a banda de abertura, Jovelina, potente power trio, de rock pesado e bem marcado, formado em 2020, dando o tom e clima do que viria em seguida, com uma bela interação com o público que acompanhou as canções do EP Trincheira Nº 2.

Na virada de 12 para 13 de abril, meia-noite, a Scalene, formada pelos irmãos Gustavo (guitarra e voz) e Tomás Bertoni (guitarra e sinth); e pelo baixista Lucas Furtado, com apoio do baterista Maick Sousa, da banda Jovelina, subiu aos palcos sendo calorosamente recepcionada pelos saudosos fãs presentes.

Esse era um show em comemoração aos dez anos do álbum Éter, de 2015. “Scalene do Velho Testamento”, como diziam repetidas vezes pela apresentação. E o Velho Testamento envelheceu como vinho. Vencedor do Grammy Latino de Melhor Álbum de Rock em Português, Éter é orgulhosamente stoner, poderoso, com riffs marcantes, pesados e refrões sensíveis como um soco. E por vezes, até dançantes, como um Muse ou Queens Of The Stone Age podem ser.

A Scalene tocou de cabo a rabo, as músicas de Éter, na mesma ordem do disco, fazendo com que, a cada música, o público pudesse puxar a próxima, e a próxima, e a próxima, em plenos pulmões. Assim, foram Sublimação, O Peso da Pena, Histeria, Fogo, Gravidade, Furacão, Terra, Náufrago, Alterego, Tiro Cego, Loucure-se e Legado.

Se Éter é o Velho Testamento, a banda mostrou energia ao acabar esse set e iniciar o seguinte com músicas dos demais discos, começando, surpreendentemente, com Sonhador II, com participação do Saulo da banda Hover, do disco Real/Surreal de 2013, uma porrada hardcore que fez todos pularem e cantarem.

Como se por telepatia, o público já sabia que a próxima seria Danse Macabre, do mesmo álbum, evocando os deuses e diabos dançantes, tão dançantes quanto um Deftones ou Nine Inch Nails podem ser.

O show seguiu com Ouroboros, Névoa e Discórdia, do álbum Labirinto (2022), com a costumeira pegada eletrônica. Em seguida, veio o single Entrelaços, e a única canção de Respiro (2019), Furta-cor, finalizando com os hits de Magnetite (2017): Esc e Phi.

São poucas as bandas que conseguem passear por estilos musicais sem perder a personalidade (ou público). Radiohead pode lançar um álbum de metal ou de bossa nova, e ainda assim ser reconhecido como Radiohead – e podem cantar Creep ou qualquer faixa do The King Of Limbs em uma apresentação, e ainda assim ser um show coerente. Em uma comparação, sem considerar proporções, claro, Scalene faz o mesmo. Após tocar na íntegra um álbum stoner, coerentemente apresentou as faixas que fazem parte de sua história e produção musical, passando por eletrônico, hardcore, mpb, e tudo fazendo sentido em diversas pancadas musicais apresentadas para um público que se mostrou morrendo de saudades, querendo colocar o papo em dia, relembrar histórias, mas também, saber o que vem por aí.